Caminho Marinho é uma iniciativa que busca a convivência harmônica entre seres humanos e tartarugas marinhas em um ambiente saudável sob uma abordagem ecossistêmica – um ambiente economicamente viável, ecologicamente sustentável e socialmente justo. Para isso, Caminho Marinho visa a conectividade entre Pesquisa e Extensão e Ensino como método principal para este objetivo, sob nossos três pilares: Pesquisar para Conhecer, Estender para Compartilhar e Ensinar para Multiplicar.
Desenvolver pesquisa, extensão e ensino sobre tartarugas marinhas para promover a sua conservação, valorizando aspectos ecológicos, econômicos e sociais, inspirando o uso sustentável e ecossistêmico do ambiente.
Quando pensamos numa abordagem ecossistêmica, um limite geográfico deve ser planificado, até mesmo para se almejar os limites das relações entre tartarugas marinhas e diversidade biológica, atividades econômicas e culturais. Assim, cada região apresenta suas prioridades e particularidades, que levarão a diferentes metodologias de atuação por parte do Caminho Marinho.
Na desembocadura da Lagoa dos Patos (32°09’38”S e 52°05’54”W), dois quebra-mares protegem da ação das ondas e do assoreamento natural a barra do canal que dá acesso ao ambiente estuarino. Com exceção de Torres no extremo norte gaúcho, os molhes da barra de Rio Grande são as únicas estruturas rochosas de grande dimensão ao longo de toda costa gaúcha, e apresentam um papel fundamental na ecologia de diversas espécies, pois essas estruturas oferecem proteção e estrutura para fixação de comunidades, assim como possíveis tocas. Com construção inicial em 1911, os molhes leste e oeste possuíam 4.220 e 3.160 m de comprimento, mas foram ampliados na última década em 800 e 1000 m, respectivamente. Além da importância ecológica, os molhes também possuem importância econômica, tanto como fonte de recursos pesqueiros artesanais como para o turismo na região, com as tradicionais vagonetas movidas à vela, que levam os visitantes em um passeio ‘mar adentro’ através de trilhos de trem sobre a muralha de pedras.
Esta região é importante também para as tartarugas marinhas, que já foram registradas dentro do estuário da Lagoa dos Patos e costa adjacente aos molhes da Barra, sendo o verão e o entorno dos molhes o local com maior abundância destes animais. Tal presença sugere uma potencial área de agregação de tartarugas marinhas, o que motivou o Caminho Marinho a iniciar um monitoramento populacional de tartarugas-verdes nos molhes da Barra do Rio Grande, em abril de 2016.
A região Sul de Santa Catarina está inserida na Área de Proteção Ambiental da Baleia Franca, uma Unidade de Conservação federal criada por Decreto Federal em 14 de setembro de 2000, com o objetivo de proteger a baleia franca austral Eubaleana australis, que buscam as águas da região entre os meses de junho e novembro para reproduzir-se. Considerado um santuário para essa espécie ameaçada de extinção, a área de 156 mil hectares abrange nove municípios catarinenses, com 130 km de costa marítima, desde o sul da ilha de Florianópolis até o Balneário Rincão, em Içara.
O litoral sul de Santa Catarina - Laguna, Imbituba e Garopaba - é caracterizado pela formação de cabos e costões rochosos entre praias que variam de um a vinte quilômetros de extensão, formando enseadas e baías acompanhadas de um cordão de dunas e lagoas costeiras. Estas praias e costões apresentam uma biodiversidade bentônica (flora e fauna) e de grandes vertebrados marinhos como peixes, aves, mamíferos e tartarugas marinhas. Além do mais, comunidades pesqueiras artesanais estão presentes ao longo de toda a costa que, através do conhecimento ecológico local se sustentam com o uso direto do ambiente costeiro.
Em contraste, a região é caracterizada pela atividade portuária e seu crescente interesse na utilização de parte desse litoral, tanto aquático como terrestre para tal o crescimento de tal atividade.
Toda essa múltipla diversidade se relaciona com as tartarugas marinhas. A morfologia das praias na região (formação de enseadas associadas à costões) propicia uma área abundante de algas, alimento principal da de tartarugas-verde, Chelonia mydas. O Caminho Marinho iniciou o desenvolvimento das atividades na região em 2010, promovendo o conhecimento sobre a tartaruga-verde, seu ambiente e compartilhando a experiência com a comunidade acadêmica, comunidade em geral, sempre valorizando o conhecimento local das comunidades costeiras.
Na desembocadura da Lagoa dos Patos, dois quebra-mares protegem da ação das ondas e do assoreamento natural a barra do canal que dá acesso ao ambiente estuarino. Com exceção de Torres no extremo norte gaúcho, os molhes da barra de Rio Grande são as únicas estruturas rochosas de grande dimensão ao longo de toda costa gaúcha, e apresentam um papel fundamental na ecologia de diversas espécies, pois essas estruturas oferecem proteção e estrutura para fixação de comunidades, assim como possíveis tocas. Com construção inicial em 1911, os molhes leste e oeste possuem más de 4.000 metros.
Além da importância ecológica, os molhes também possuem importância econômica, tanto como fonte de recursos pesqueiros artesanais como para o turismo na região, com as tradicionais vagonetas movidas à vela, que levam os visitantes em um passeio ‘mar adentro’ através de trilhos de trem sobre a muralha de pedras.
Nos últimos 20 anos, o equilíbrio entre as múltiplas diversidades, ambiental, econômico e social é um princípio apresentado em todos os níveis de discussão, inclusive em projetos de conservação de fauna ameaçada de extinção.
Nesse caso, projetos que buscam a conservação das tartarugas marinhas não devem desassociar sua relação com o ambiente e sua diversidade ecológica, a sociedade e economia que a entornam, buscando o equilíbrio entre os organismos vivos, o ambiente físico, a sociedade e a economia local. Este é o princípio do Manejo Baseado no Ecossistema (EBM), diretrizes para a formação da abordagem cotidiana do Caminho Marinho.
Esta abordagem integrada de manejo considera o ecossistema como um todo, incluindo os humanos e suas componentes econômicos sociais, com objetivo de manter o ambiente em condições saudáveis, produtivas e resilientes, para prover não apenas um ambiente ecologicamente sustentável, mas também suficientemente saudáveis para prover serviços humanos necessários e imprescindíveis.
Um dos princípios do EBM é o fomento à pesquisa como caminho à quantificação dessas relações - Pesquisar para conhecer. Entretanto, a pesquisa somente apoiará à conservação quando seus resultados forem compartilhados com todos os envolvidos nessas relações, governantes, organizações do segundo setor, comunidade local e comunidade científica, porque cada um em sua escala são tomadores de decisão - Estender para compartilhar. A possibilidade de envolver capacitação profissional durante este processo é fundamental para a multiplicação desta abordagem na resolução de conflitos ambientais em outras regiões por futuros profissionais - Ensinar para Multiplicar; resumindo a abordagem ecossistêmica nos três pilares Pesquisa, Extensão e Ensino.